terça-feira, 20 de abril de 2010

The Fevers

Quando tocou The Fevers a nostalgia veio com tudo. Eram esses moços que embalavam as festas em família quando eu era criança, aliás até hoje. Ok, é brega, os caras são esquisitos, e seria bem mais poético ter lembranças de família ao som de Chico ou Beatles, mas minha família é assim mesmo: brega e cheia das esquisitices, e eu adoro! Família é sempre uma coisa um tanto confusa, todas têm seus dramas e hilariedades.

Minha família sempre foi muito festeira, tudo era motivo. E olha que ela não se constituía de pai, mãe e irmãos. Tinham também tios, primos, agregados e o que mais se juntasse! Lembro-me de uma vez que até chorei na prova de Estudos Sociais, porque a minha família não ia caber no quadro onde eu tinha que desenhá-la, pois era muita gente. Enfim, muitas festas, muitos aniversários, e quando a festa era de adultos, ou quando a festa era apenas a festa dos nossos encontros, tocava The Fevers até o fim...

Os fins de semana (ou não) eram dias de estar com os primos e brincar sem hora pra acabar. Minha avó sempre preparando coisas gostosas com aquele carinho que nos alimenta, e depois da comilança os adultos jogavam sueca ao som de The Fevers. Volta e meia os casais cantarolavam uns pros outros “Vem, vem me ajudar, sem teu carinho eu não posso viver...”, ensaiavam uma dança e o dia ia passando cheio de conversas e sorrisos, e como toda família, com algumas confusões também. Mas no fim de semana seguinte tudo se repetia. Acho que naquela época as pessoas tinham mais facilidades pra se perdoarem nas pequenas coisas. Voltando ao carteado, esse era uma constante nos encontros familiares. Os adultos se revezavam entre músicas e cartas, e eu, metida que sempre fui, fui me achegando e aprendendo até me tornar parceira oficial do Tio Léo. Ganhávamos quase todas, e eu me sentia uma adulta no meio dos “grandes” jogando sueca. Até hoje gosto de baralho, mas pouco jogo.

As festas eram sempre no quintal da minha avó, onde eu morava. A casa estava sempre cheia de crianças, de adultos, de gente querendo se entrosar. Minha avó, a célula máter, sempre organizava os “comes e bebes” e por vezes trazia as comidas à mesa acompanhando a música que tocava “Pra cima! Pra baixo!”. E as músicas iam embalando nossas brincadeiras, nossos segredos, e revelando nossos desejos.

Outro dia teve festa na casa da vó, e apesar da família ter aumentado bem desde aquela época, no quintal já não tinha mais tantos rostos conhecidos. Não tive aquela sensação de começar a festa. Não havia tantos primos, não havia baralho, não havia muitas crianças brincando, não havia os casais, e The Fevers só tocou no finalzinho, embalando minha saudade. E a música dizia que ninguém tinha me prometido um mar de rosas...

2 comentários:

  1. Som que nos trouxe de volta após um final de semana com sensação parecida ao estar com a casa cheia, brincando com os primos...

    ResponderExcluir
  2. É verdade minha amiga. Estar com vcs me traz de volta um pouco dessa sensação de ser criança. Obrigada por estar sempre por perto.
    Bjs.

    ResponderExcluir