terça-feira, 11 de março de 2014

Cinzas

Imagem: Carnaval. Gabriele Longobardi

Planos. Encontro. Fantasia. Dia. Pernas. Chão. Riso. Som. Cor. Tamborins. Amizade. Alimento. Céu. Amor. Corpo. Noite. Caetano. Cama. Olhos. Sol. Sede. Desvios. Confete. Andança. Dança. Sono. Brilho. Comida. Reencontro. Lágrima. Euforia. Vida. Desejo. Maquiagem. Pele. Começo. Fim. Pureza. Infância. Magia. Passos. Tempo. Lembrança. Quarta-feira de cinzas.

05.03.14


domingo, 2 de junho de 2013

Não devia mesmo!

"A gente se acostuma a coisas demais para não sofrer. A gente se acostuma para não se ralar na aspereza para preservar a pele.
A gente se acostuma para poupar a vida. Que aos poucos se gasta, e que de tanto se acostumar, se perde por si mesma.
A gente se acostuma, eu sei, mas não devia."
Marina Colassanti
Pois é. A gente se acostuma com muita coisa na vida. A gente se acostumou a se acostumar. O texto da Marina expõe muito bem nossa resignação. É preciso se vigiar, cuidar do olhar, e se for preciso, até sofrer, se lanhar para sair do lugar comum. As vezes a própria vida se encarrega de dar aquele empurrãozinho, noutras é questão de decisão. Decidir ter coragem. decidir tomar decisões conscientes.Me acostumei com bastante coisa, sim, mas a falta de amor não me acostumo é nunca (como diria um amigo). E não acostumei por alguns motivos. Acho que o primeiro deles é porque sempre me senti muito amada, e quem recebe amor dá amor. E também porque não me acostumei a não olhar nos olhos, a viver na superfície. Não me acostumei a viver sem amor, porque esse danado vem cheio de boas companhias: cumplicidade, parceria, alegria, respeito, leveza, paz, generosidade... E ainda abranda os momentos de dor, faz carinho na tristeza. Ao longo dos meus quase 30 pude experimentá-lo de algumas formas. Como filha, como amiga, como mulher, como profissional, como mãe... Esse último, meu Deus! Não preciso nem falar! Mas não consigo acostumar a viver sem amor, entre outras coisas, porque o amor próprio não deixa, insiste em teimar ser feliz. É isso. Viva o amor! E a falta de costume!


sexta-feira, 17 de maio de 2013

De volta pro meu aconchego

Pensei em apagar tudo aqui e criar um outro espaço. Novo, com outra cara, com outras coisas. Que  mostrasse outra pessoa, diferente desta que se mostra nas páginas anteriores. Se não fosse isso aqui talvez eu nem me lembraria dela. Meio triste, meio feliz, meio estranha. Meio, meio, meio... Mais de um ano do último post e quanta coisa mudou! Pelo menos agora são outras tristezas, muito mais alegrias e ah!, estranho é esse mundo! 

O ideal seria talvez mudar o nome do blog para Pedrinha do Sono. É um serzinho muito pequenino e indefeso que não deixa dormir hoje. Pedrinha feliz. Meu sorriso. Minha alegria diária. Minha força. Minha fraqueza...

Mas enfim, resolvi deixar tudo como estava antes, e apenas continuar virando as páginas enquanto houver desejo de escrever. Sobre ele, sobre mim, sobre o mundo. Por que essa noite, após saber de tristes notícias na minha cidade, sonhei com violência e morte. E ele me dá uma vontade bonita de viver! 



Então é isso, o Pedra continua, por que a vida continua e vibra, graças ao que passou. Ave!

segunda-feira, 26 de março de 2012

quinta-feira, 22 de março de 2012

E só.

Eu só queria criar um poema bonito, mas há muito barulho 
Eu só queria ser um poema bonito, mas não estou em versos
Eu só queria um poema escrito pra mim, mas não há mãos dispostas
Eu só queria viver num poema, mas não há poesia
Eu só queria ler um poema, mas está escuro
Eu só queria declamar um poema, mas não há ouvinte
Eu só queria um poema
Pequenino que fosse
Sem rima
Sem nada
Apenas um poema
Que retirasse a pedra do meu sono

sábado, 31 de dezembro de 2011

Caro 2011

Você bem que chegou fazendo festa em mim, mas assim que acordei vi que não era bem assim: o Rio chorava, e eu chorei também. Mas ainda assim eu podia sentir que tudo ia melhorar, que boas notícias viriam. Algumas até vieram mesmo, e eu pude comemorar. No entanto, muitas outras notícias e acontecimentos foram tão terríveis que até hoje meus olhos não secaram. Mas tudo bem, pois é certo que, de alguma forma, a gente cresce. Cresce que nem criança em fase de crescimento: meio que sem querer; o corpo dói e demora a se ajustar à nova forma, mas no fim a gente vê que é necessário. 


Ainda não há nada ajustado aqui. Ainda há muito doendo, profundamente. Mas há amigos, há família e há um desejo enorme de qualquer coisa muito boa. Você está indo embora e eu colocarei um roupa bonita pra dizer adeus. Me esforçarei para sorrir para ti e tentarei não levar mágoas. Passei esses 365 dias contigo tentando acreditar que tudo era pro meu crescimento. E se crescer dói, acho que é isso mesmo que tem sido todos esses dias. 


Então, apesar de tudo, obrigada. E lembre-se de avisar pro seu amiguinho que vai chegar, que venha com mais calma, tá bom?


Bjs e NÃO me liga!

domingo, 11 de dezembro de 2011

Quase carta (ao Zé II)

Oi Zé. Desculpe-me por não retornar o telefonema. Desculpe-me por escrever-te só agora, depois de tantos dias, meses, nem sei... Desculpe-me por não te ligar. Não foi por falta de tempo não, Zé. Não sei porquê, mas às vezes eu simplesmente não ligo, fico deixando pra depois, pra depois... e tudo vai passando. Engraçado que tudo vai passando, mas algumas coisas permanecem pra sempre. Coisas boas e coisas ruins. Eu tenho tentado muito fazer com que as coisas ruins passem rápido, mas nem sempre dá. As coisas boas, eu tento agarrá-las o mais forte que consigo, mas às vezes minhas mãos são pequenas demais e não conseguem segurá-las por muito tempo, então elas acabam escorrendo por entre os dedos como areia de praia. Mais a vida é isso mesmo, a gente segura, empurra, faz como se tudo dependesse exclusivamente das nossas mãos, mas sabemos que não é bem assim.


O Natal está chegando, Zé. Fico pensando que a sua casa deve estar toda decorada de luzes. Aqui em casa, só as luzes das lâmpadas do teto mesmo. Perdi a paciência de enfeitar a vida com pisca piscas, como se isso mudasse realmente alguma coisa. Ando preferindo deixar tudo apagadinho pra ver se acende alguma coisa aqui dentro. Talvez eu consiga agarrar uma luzinha qualquer e segurá-la com os pensamentos. Talvez eu consiga fazer como eu fazia com as velas de meus aniversários de criança que, quando se apagavam, eu as isolava com minhas pequenas mãos até que se acendessem novamente. As outras crianças faziam questão de apagá-las de novo, mas eu conseguia acendê-las outras vezes mais. Por fim, as velas se apagavam de vez, mas mantinha em meu coração alguma luz, alguma quentura. É isso que eu quero neste natal, Zé. Uma luz diferente de pisca piscas, uma luz que nem precisa ser tão colorida, mas que deixe meu coração quentinho, acreditando. Natal luz dentro de mim.

...

Desculpa, Zé. Acho que não liguei porque ando mesmo sem vontade de falar. E agora que comecei a escrever, acho melhor parar. Não quero te escrever uma carta triste. Eu tinha outras coisas para te dizer, coisas mais bonitas para este fim de ano, mas simplesmente as esqueci quando peguei a caneta... O tempo passa tão rápido e tão ríspido e eu me esqueci do tanto que eu tinha guardado pra você.  Ando muito cansada, Zé...


Então, bom Natal. Em 2012 eu apareço com boas notícias.


Abraço afetuoso,


Isabele.