quinta-feira, 4 de novembro de 2010

O perigo de uma única história

Todos os dias, em casa, na rua, no trabalho, lidamos com diferenças culturais, étnicas, sexuais, enfim, um grande leque de possibilidades cabíveis aos seres humanos. Contudo, é inegável que essas diferenças acabam se manifestando de maneira muito mais intensa nas escolas, onde a formação das identidades se dá mediante padrões pré-estabelecidos, formatados em modelos eurocêntricos, heterossexuais, segregando outras possibilidades de ser. Crescemos ouvindo uma única história sobre o Brasil, sobre a humanidade, sobre o mundo. E nessas histórias já estão embutidas as relações de poder que um povo tem sobre outros, que uma cultura tem sobre as outras.  E infelizmente, a maioria de nós, educadores, acabamos reproduzindo esses modelos que nos foram passados sem a necessária reflexão.

Hoje não é raro ouvir e ver manifestações em favor da diversidade, considerando que somos frutos de um mix cultural entre diferentes povos e raças, o que até somos. Mas o que importa não é apenas reconhecer que as diferenças existem, mas sim refletir sobre como podemos lidar com a diversidade sem instituí-la como fatores determinantes das desigualdades, continuando a naturalizar a supremacia dos brancos sobre os negros e indígenas, dos heterossexuais sobre os homossexuais, transexuais, etc., dos sulistas sobre os nordestinos, da ciência sobre o saber popular, dos ricos sobre os pobres e tantas outras hierarquias que acabam  limitando o acesso de grande parte da população de exercerem seus direitos, sobretudo o direito a liberdade de ser quem são.

Este vídeo, dividido em duas partes, é muito interessante para que possamos refletir, sobretudo nós, educadores, sobre que verdades estamos mostrando aos nossos alunos.

Abraços em todos e bons dias!

Isa Lacerda.




4 comentários:

  1. Eu, como um educador em formação, vejo nisto um dos maiores problemas das desigualdade social hoje. Os modelos pré-estabelicidos e que a maioria de nós usamos para formar pessoas é um modelo que privilegia os mais ricos, e mostra nossa cultura apenas como um galho de uma árvore maior chamada Europa. É bom que todos os nossos valores sejam revistos e que saibamos lidar com a diferença cultural, pois o Brasil tem esta enorme diversidade. Precisamos vê, primeiro depois revê para depois tocar neste assunto.

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  2. Oi, Isa

    A história que estudamos é sempre contada pelo lado vencedor. Eu sempre fico pensando na quantidade de fatos que deixam de ser revelados nesse processo. Me identifiquei com o ponto de vista da autora.

    Obrigado por compartilhar esses vídeos. Muito bons \0/

    Bjs

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  3. IsaBele,

    Um belo texto, no qual se pode avaliar o estado comportamental de uma sociedade em rápida transformação, onde os valores vigentes se questionam todos os dias!

    Beijos!
    AL

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  4. Excelente texto, Isabele. A mudança de paradigma é muito salutar. Manter a mente aberta é a atitude acertada. A experiência contada pela Professora Nigeriana é muito interessante e sintonizada com o texto.
    Um forte abraço.

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