domingo, 14 de novembro de 2010

Livros

Tropeçavas nos astros desastrada
Quase não tínhamos livros em casa
E a cidade não tinha livraria
Mas os livros que em nossa vida entraram
São como a radiação de um corpo negro
Apontando pra a expansão do Universo
Porque a frase, o conceito, o enredo, o verso
(E, sem dúvida, sobretudo o verso)
É o que pode lançar mundos no mundo.

Tropeçavas nos astros desastrada
Sem saber que a ventura e a desventura
Dessa estrada que vai do nada ao nada
São livros e o luar contra a cultura.


Os livros são objetos transcendentes
Mas podemos amá-los do amor táctil
Que votamos aos maços de cigarro
Domá-los, cultivá-los em aquários,
Em estantes, gaiolas, em fogueiras
Ou lançá-los pra fora das janelas
(Talvez isso nos livre de lançarmo-nos)
Ou ­ o que é muito pior ­ por odiarmo-los
Podemos simplesmente escrever um:


Encher de vãs palavras muitas páginas
E de mais confusão as prateleiras.
Tropeçavas nos astros desastrada
Mas pra mim foste a estrela entre as estrelas.


(Caetano Veloso)

3 comentários:

  1. Isabele querida,
    Que maravilha essa sincronicidade percebida de você com Adrianne, boas alusões às leituras múltiplas e dentre elas o livro, aos desejos de saber com muito sabor e encanto, misto de amor, distanciamento, proximidades, toques e voos desatinados, estrelas do céu e do mar... profundidades diferentes entrelaçam-se. Bom reler Caetano nessa tua inspiração e releitura. Domingo melhor!!!
    Beijinhos Afetuosos!

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  2. ...e que estante colocastes
    aqui num instante!

    bj, alma linda!

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  3. hum,
    cheiro de bom viver
    nesses livros
    que asas batem

    te adoro,
    e saudades!

    fique com Deus!

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