terça-feira, 11 de janeiro de 2011

Ao sabor das leituras

Há algum tempo a Dri Ogêda, colega queridíssima do blog MEVITEVENDO, vem me convidando para participar do Desafio Literário. Trata-se de um incentivo muito bacana para atualizar leituras e variá-las, de modo a conhecer diversos gêneros e títulos, e ainda conhecer as impressões sobre outras leituras dos colegas participantes. Dentre as regras está ler pelo menos um livro por mês, que deverá ser escolhido de acordo com o tema que o desafio propõe, e ao final de cada leitura escrever uma resenha ou comentários sobre a obra lida e publicar no seu blog.
Pensei em participar do desafio este ano, mas diante de várias leituras me esperando nas minhas prateleiras (e a maioria não está de acordo com os temas propostos para este ano), e também por eu estar mega enrolada terminando uma especialização, iniciando outra, e ainda finalizando um outro trabalho que está sendo difícil, preferi deixar para o ano que vem, não por causa das leituras, mas devido o compromisso de fazer a resenha, e escrever não tem sido nada fácil. Então, pra não ficar totalmente em dívida com o convite da Dri, este ano vou tentar escrever sobre alguns livros que eu ler e achar interessante, porém sem nenhuma regra ou prazos a cumprir. Mas acho o desafio muito interessante, e quem quiser conhecer e participar clique aqui e boas leituras!
Vou começar então deixando pra vocês um trecho de um livro que eu estou começando a ler, e que resolvi comprá-lo após a leitura deste pequeno capítulo que descreve o beijo de uma forma tão bonita, que ainda não li outra melhor. O livro é “O jogo da amarelinha”, um romance de Cortázar.
“Toco a tua boca, com um dedo toco o contorno da tua boca, vou desenhando essa boca como se estivesse saindo da minha mão, como se pela primeira vez a tua boca se entreabrisse, e basta-me fechar os olhos para desfazer tudo e recomeçar. Faço nascer, de cada vez, a boca que desejo, a boca que a minha mão escolheu e te desenha no rosto, uma boca eleita entre todas, com soberana liberdade eleita por mim para desenhá-la com minha mão em teu rosto e que por um acaso, que não procuro compreender, coincide exatamente com a tua boca que sorri debaixo daquela que a minha mão te desenha.
Tu me olhas, de perto tu me olhas, cada vez mais de perto e, então, brincamos de cíclope, olhamo-nos cada vez mais de perto e nossos olhos se tornam maiores, aproximam-se, sobrepõem-se e os cíclopes se olham, respirando indistintas, as bocas encontram-se e lutam debilmente, mordendo-se com os lábios, apoiando ligeiramente a língua nos dentes, brincando nas suas cavernas, onde um ar pesado vai e vem com um perfume antigo e um grande silêncio. Então, as minhas mãos procuram afogar-se nos teus cabelos, acariciar lentamente a profundidade do teu cabelo enquanto nos beijamos como se tivéssemos a boca cheia de flores ou de peixes, de movimentos vivos, de fragrância obscura. E, se nos mordemos, a dor é doce; e, se nos afogamos num breve e terrível absorver simultâneo de fôlego, essa instantânea morte é bela. E já existe uma só saliva e um só sabor de fruta madura, e eu sinto você tremular contra mim, como uma lua na água.”

(CORTÁZAR, Júlio. In: O jogo da amarelinha. Rio de Janeiro, Civilização Brasileira, 2009, p.45)

Um beijo e uma linda semana a todos!
Um beijo especial ao Rômulo.

6 comentários:

  1. ...este post, esta partilha
    foi como um beijo nas paredes
    do encanto.

    beijos, querida linda!

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  2. Agradecida pela participação no significantes! Te seguindo aqui.

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  3. gostei da dica, vou lá ver, gostei também do conto que vc escolheu

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  4. Poxa só por este trecho, já vi que vou amar e vou ler sim amiga.
    Obrigado por compartilhar.
    Bjos achocoaltados

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  5. Isabele!!!
    Tenho certeza que vamos ficar com bastante água na boca advinda das leituras que estima.
    A sede de ler fomentará nossas releituras!
    Abraços interlocutores!

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