É na despedida que o encontro se revela. É no abraço apertado, no olhar molhado, no aperto do coração na hora de dizer tchau que se evidencia a intensidade do encontro. Não falo desses encontros banais que a vida nos impõe cotidianamente; falo do encontro verdadeiro, daqueles em que saímos diferente da maneira que entramos.
Encontrar é a possibilidade de se permitir mudar, ser afetado pelo outro, e também afetar. Esse encontro pode ocorrer entre diversos pares: uma pessoa, um lugar, um livro, uma música, um animal, uma ideologia, e até consigo mesmo. O essencial é a alma regozijar-se da presença, ainda que seja necessário, antes, conhecer a dor.
E quando precisamos nos despedir, ainda que não seja para sempre, é difícil encontrar a linha tênue entre a alegria do encontro e a dor da partida. Aceitar a despedida é ter maturidade para compreender que nada é eterno, que as pessoas se vão, que histórias terminam, que é preciso fechar o livro, deixar partir.
Importante é ter havido encontro.
Tentação.
"(...) O basset ruivo afinal despregou-se da menina e saiu sonâmbulo. Ela ficou espantada, com o acontecimento nas mãos, numa mudez que nem pai nem mãe compreendiam. Acompanhou-os com os olhos pretos que mal acreditavam, debruçada sobre a bolsa e os joelhos, até vê-lo dobrar a outra esquina.Mas ele foi mais forte que ela. Nem uma só vez olhou para trás."
Clarice Licpector (in A Legião Estrangeira)
Obrigada pelo carinho, fico feliz pelas palavras...
ResponderExcluirabraço
Isabele,
ResponderExcluirComo é difícil ter que ir sem olhar pra trás, toda despedida é assim, sempre deixamos a visão olhando na linha reta de um futuro diferente. E se de repente essa despedida for breve, que seja entupida de saudade.
Beijo imenso, menina linda.
Rebeca
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...enfim, alguém que entende a minha cara de paisagem e mudez temporária toda vez que me despeço... Vou indicar seus textos p/ aquela pessoa...
ResponderExcluirBeijão