domingo, 11 de dezembro de 2011

Quase carta (ao Zé II)

Oi Zé. Desculpe-me por não retornar o telefonema. Desculpe-me por escrever-te só agora, depois de tantos dias, meses, nem sei... Desculpe-me por não te ligar. Não foi por falta de tempo não, Zé. Não sei porquê, mas às vezes eu simplesmente não ligo, fico deixando pra depois, pra depois... e tudo vai passando. Engraçado que tudo vai passando, mas algumas coisas permanecem pra sempre. Coisas boas e coisas ruins. Eu tenho tentado muito fazer com que as coisas ruins passem rápido, mas nem sempre dá. As coisas boas, eu tento agarrá-las o mais forte que consigo, mas às vezes minhas mãos são pequenas demais e não conseguem segurá-las por muito tempo, então elas acabam escorrendo por entre os dedos como areia de praia. Mais a vida é isso mesmo, a gente segura, empurra, faz como se tudo dependesse exclusivamente das nossas mãos, mas sabemos que não é bem assim.


O Natal está chegando, Zé. Fico pensando que a sua casa deve estar toda decorada de luzes. Aqui em casa, só as luzes das lâmpadas do teto mesmo. Perdi a paciência de enfeitar a vida com pisca piscas, como se isso mudasse realmente alguma coisa. Ando preferindo deixar tudo apagadinho pra ver se acende alguma coisa aqui dentro. Talvez eu consiga agarrar uma luzinha qualquer e segurá-la com os pensamentos. Talvez eu consiga fazer como eu fazia com as velas de meus aniversários de criança que, quando se apagavam, eu as isolava com minhas pequenas mãos até que se acendessem novamente. As outras crianças faziam questão de apagá-las de novo, mas eu conseguia acendê-las outras vezes mais. Por fim, as velas se apagavam de vez, mas mantinha em meu coração alguma luz, alguma quentura. É isso que eu quero neste natal, Zé. Uma luz diferente de pisca piscas, uma luz que nem precisa ser tão colorida, mas que deixe meu coração quentinho, acreditando. Natal luz dentro de mim.

...

Desculpa, Zé. Acho que não liguei porque ando mesmo sem vontade de falar. E agora que comecei a escrever, acho melhor parar. Não quero te escrever uma carta triste. Eu tinha outras coisas para te dizer, coisas mais bonitas para este fim de ano, mas simplesmente as esqueci quando peguei a caneta... O tempo passa tão rápido e tão ríspido e eu me esqueci do tanto que eu tinha guardado pra você.  Ando muito cansada, Zé...


Então, bom Natal. Em 2012 eu apareço com boas notícias.


Abraço afetuoso,


Isabele.





3 comentários:

  1. Isa,

    Dezembro eh difícil, assim como janeiro e fevereiro... Nao gosto dessa época do ano, mas eh impossível pular ou congelar pra depois. Então, a gente continua o caminho, insiste na musica, com luzinhas externas ou nao. Teimando, a gente acaba por acender nossa luz interior, e, de quebra, a dos que nos acompanham.

    Beijos,

    Suzana/LILY

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  2. Para os que não conseguem sorrir direito (o meu caso), Natal, Ano Novo e Carnaval são as piores épocas. Você é obrigado a arranjar um sorriso que não tem...

    Tudo de bom! Que ao final de 2012 vc tenha a real sensação de que foi melhor que 2011.

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  3. Um abraço caloroso pra você... A sua luz, menina, não vai apagar nunca. E esses dias difíceis? Eles passam... Um abraço apertado, Isa, desejando dias mais tranquilos

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