sexta-feira, 11 de novembro de 2011

O que há

Foi no mínimo estranho andar pela rua e ver o passado na calçada. Identifiquei-o no mesmo instante que meus olhos apontaram sua direção. Sorri um tanto desconcertada e por alguns segundos não soube o que fazer: passar direto como quem não quer nada, ou apertar-lhe as mãos e convidá-lo para uma prosa? Acabei decidindo que nada de “ou isso ou aquilo”; apenas o vi passar, com a graciosidade da menina que ainda não se foi por completo; com uma sutil tristeza que ainda persiste e com aquele andar descompassado que ainda não se ajeitou ao corpo. Feliz, sim, embora nunca tivesse aparentado alguma alegria esfuziante. Apenas reparei. E até que achei bonito todo aquele porvir... 
O que passou parece-nos sempre mais bonito. Mas quando voltei aos meus agoras e olhei-me no espelho, tudo se repetiu. O passado é o que há. Pouco da essência se perdeu. Era a mesma menina da calçada, o mesmo olhar triste e o mesmo caminhar de pernas trocadas. Ainda feliz, sim. E já até aprendeu a se mostrar assim.



2 comentários:

  1. No meio de um dia de semana qualquer, quando a gente menos espera, o passado surge, nítido, forte, exigindo nossa atenção. Eh preciso dar de cara com ele para que possamos entender nossa trajetória. Sem ele, a gente se perde.

    Beijos,

    Suzana/LILY

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  2. As vezes e bom lembrar o passado principalmente os bons momentos com pessoas inesqueciveis,vc me fez lembra o meu

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