terça-feira, 28 de junho de 2011

Querido diário*

Hoje, ao ouvir-te cantando teu “Querido Diário”, deu-me uma vontade grande de vir aqui e escrever no meu diário, querido também. O tempo afastada foi apenas por não saber muito o que dizer, talvez por que está sendo um tanto difícil dizer coisas bonitas, que é o que eu gostaria de poder fazer sempre.

Ah, Chico!... Meus amigos também me dão “bom dia” cheios de carinho, mas acho que eles não têm pena de mim não, nem deles; eles não sabem que sou sozinha, que todos somos. E nos últimos dias minha cidade também tem andado na contramão, e eu, sem saber o que fazer, também tenho pensado em ter uma religião, porque quando o bicho pega a gente pensa logo em se fiar com Deus e todos os santos vez por todas. Será que religião resolve, Chico?

Fé. Acho que a fé pode ajudar... E amor também. Isso me sobra.

Mas Chico, eu quero mesmo é ser macio que nem você, e não quebrar, por mais forte que seja a pancada do porrete.



*Música do novo CD de Chico Buarque, que será lançado em julho. Para ouví-la clique aqui.

 "Hoje topei com alguns
conhecidos meus

Me dão bom-dia [bom-dia], cheios de carinho;

dizem para eu ter muita luz
e ficar com Deus
Eles têm pena de eu viver sozinho


Hoje a cidade acordou
toda em contramão

Homens com raiva,

buzinas, sirenes, estardalhaço


De volta à casa, na rua
recolhi um cão
que, de hora em hora, me arranca um pedaço

 
Hoje pensei em ter religião
De alguma ovelha, talvez,
fazer sacrifício
Por uma estátua ter adoração

Amar uma mulher sem orifício



Hoje, afinal, conheci o amor
E era o amor, uma obscura trama
não bato nela, não bato

nem com uma flor

mas se ela chora, desejo-me em flama


Hoje o inimigo veio,

veio me espreitar

Armou tocaia lá

na curva do rio
Trouxe um porrete, um porrete a "mode" me quebrar
mas eu não quebro não, porque sou macio, viu?!"


ps. "vai passar" esse zumzumzum por cousa da mulher sem orifício. Af! rs.